Ex-Professor Condenado por Abuso: Família Clama por Justiça no Distrito Federal
A busca por justiça ecoa forte no Distrito Federal. A família de uma adolescente de 13 anos está em uma batalha incansável para que Elvas Barbosa de Barros, um ex-professor de 64 anos, pague por seus crimes. Condenado por estupro de vulnerável, ele permanece em liberdade, um fato que revolta e causa dor.
Uma Traição Familiar Dolorosa
A história é ainda mais chocante: Elvas era casado com a avó da menina, visto como um avô pela família. A mãe da vítima relata que os abusos começaram quando a criança tinha apenas seis anos, estendendo-se até os nove.
A denúncia foi formalizada em abril de 2021, quando a menina finalmente encontrou coragem para compartilhar o terrível segredo com a mãe. Em outubro de 2023, a justiça parecia ter sido feita com a condenação em primeira instância a 16 anos, 9 meses e 18 dias de prisão. No entanto, a liberdade de Elvas persiste, enquanto sua defesa busca a alternativa da prisão domiciliar.
“Todas as vezes em que ela ia [para a casa dos avós], quando ele a colocava pra dormir, ele abusava dela. […] Depois que ela me contou, eu fui aos poucos conversando e tentando entender quando que tudo começou […], infelizmente, foi aos seis anos de idade”, desabafa a mãe da menina, revelando a dor e o trauma que marcaram a infância de sua filha.
A Justiça Tarda, a Dor Persiste
A sentença judicial reconheceu a gravidade dos atos, com a prática do crime configurada por três vezes, agravada pelo vínculo familiar e pela vulnerabilidade da vítima, uma criança com menos de 14 anos.
Na época dos crimes, Elvas Barbosa de Barros exercia a função de professor na Secretaria de Educação do Distrito Federal, lecionando para crianças de seis a sete anos em Planaltina, até sua aposentadoria em 2022.
O juiz responsável pelo caso enfatizou a existência de provas robustas que confirmam a ocorrência dos crimes ao longo de vários anos, dentro do próprio ambiente familiar. “As circunstâncias do caso concreto permitem concluir pela presença dos requisitos objetivos e subjetivos relativos à continuidade delitiva. Havendo elementos seguros a demonstrar que foram três crimes praticados ao longo do lapso temporal descrito na denúncia, aumento a pena em 1/5”, declarou o juiz na sentença.
O Dilema da Prisão e a Luta da Família
Apesar da condenação, Elvas permanece em liberdade, uma decisão que gerou indignação. O juiz justificou a permissão para recorrer em liberdade pela ausência de fundamentos para a prisão preventiva.
O advogado da vítima, Carlos Henrique Lima, ressalta que “O réu usou todos os recursos cabíveis por meio de sua advogada, recorrendo ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e também ao STJ, onde todos esses recursos foram negados por unanimidade, sendo mantida a condenação do réu e após isso transitado em julgado a decisão, mantendo a condenação”.
- Onde está a justiça? O processo aguarda na Vara de Execuções Penais do DF desde agosto de 2024.
- Apelo à saúde: Em fevereiro, a defesa alegou que o condenado enfrenta “problemas de saúde que não poderiam receber tratamento adequado se vier a ser preso”, solicitando a prisão domiciliar.
- Avaliação médica: A Justiça solicitou um laudo do Instituto Médico Legal (IML) para determinar se o tratamento necessário pode ser oferecido no sistema prisional. A família da vítima denuncia que o prazo para a conclusão do laudo já foi prorrogado por três vezes.
As Cicatrizes na Vítima
A mãe da adolescente revela que a filha necessita de acompanhamento psicológico para lidar com a ansiedade e enfrenta dificuldades em se relacionar com outras crianças. A família acompanha cada passo do processo, na esperança de que a justiça seja finalmente cumprida.
A jovem precisa de medicação para conseguir dormir e questiona constantemente a mãe sobre o andamento do caso, demonstrando a angústia e a sensação de impunidade. “Ela sempre pergunta: ‘mamãe já teve alguma coisa? Mamãe o que a juíza falou?’. E ela fica: ‘mamãe, de que adianta denunciar, se nada é feito, se a justiça não é feita, se a justiça não é cumprida?'”, relata a mãe, com o coração partido pela dor da filha.