A História que o Brasil Esqueceu: Tancredo Neves, o Presidente que Morreu Antes de Governar e Mudou o País! 😱
Em 21 de abril de 1985, o Brasil perdia Tancredo de Almeida Neves, um homem que, mesmo sem tomar posse, marcou para sempre a história da nação. Há exatos 40 anos, morria o presidente eleito que seria o símbolo do fim da ditadura militar (1964-1985) e o início de uma nova era. Mas, afinal, qual foi o legado desse líder que não chegou a governar?
Um Articulador em Tempos Sombrios
Tancredo Neves personificava a esperança de um país oprimido. Sua habilidade em articular e negociar o transformou na peça-chave da redemocratização. Descrito como um “arquiteto” e “fiador da redemocratização”, ele era um mestre na arte de construir pontes em meio a um cenário político polarizado.
“A trajetória dele identifica o mais autêntico liberal, defensor permanente da democracia. Não foi a luta armada, não foi o radicalismo verborrágico de alguns políticos que conseguiram terminar com o governo militar. Foi a negociação política”, destaca o historiador Antônio Barbosa.
A Agonia que Parou o Brasil
Escolhido por voto indireto para suceder o general João Figueiredo, Tancredo foi internado às pressas, na véspera da posse, com fortes dores abdominais. O que se seguiu foi uma batalha pela vida, com sete cirurgias e 39 dias de agonia que comoveram o país.
“Lamento informar que o excelentíssimo senhor presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite, no Instituto do Coração [InCor], às 10 horas e 23 minutos [22h23]”, anunciou o porta-voz Antônio Britto, em um comunicado que ecoou por todo o Brasil.
Um Legado de Diálogo e Consenso
Quatro décadas depois, a lição de Tancredo Neves sobre a importância do diálogo e do consenso permanece atual. Segundo Antônio Britto, o Brasil precisa resgatar essa habilidade de construir pontes entre diferentes correntes de pensamento.
“Política é o exercício do diálogo e o diálogo é necessário quando se faz entre quem pensa diferente”, afirma Britto.
A Morte que Uniu a Nação
A comoção causada pela morte de Tancredo Neves uniu o Brasil em luto. Milhares de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre pelas ruas de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del-Rei, em cenas de profunda tristeza e desolação.
“A morte de Tancredo foi o centro dos acontecimentos que levaram, naquele instante, o Brasil à maior comoção da sua história”, recorda o ex-presidente José Sarney, que era o vice na chapa de Tancredo.
De Ministro a Primeiro-Ministro: A Trajetória de Tancredo Neves
Nascido em 4 de março de 1910, em São João del-Rei, Tancredo Neves construiu uma sólida carreira política ao longo de décadas:
- Vereador em São João del-Rei (1935-1937)
- Deputado Estadual (1947-1950)
- Deputado Federal (1951-1953)
- Ministro da Justiça no governo de Getúlio Vargas (1951-1954)
- Primeiro-Ministro no governo de João Goulart (1961-1962)
A Ditadura Militar e a Luta pela Redemocratização
Durante a ditadura militar, Tancredo Neves se manteve firme na defesa da democracia, mesmo em tempos de repressão e censura. Eleito senador em 1978, ele alertava para os perigos do radicalismo e defendia a união de forças democráticas.
Em 1982, Tancredo se elegeu governador de Minas Gerais e apoiou a campanha das “Diretas Já”, mesmo acreditando que o caminho mais viável para a redemocratização seria o voto indireto no colégio eleitoral.
A Eleição e a Promessa de uma Nova República
Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente pelo colégio eleitoral, derrotando Paulo Maluf. Em seu discurso de vitória, ele prometeu uma nova Constituição, o combate à inflação e a geração de empregos, marcando o início da Nova República.
“Reencontramos, depois de ilusões perdidas e pesados sacrifícios, o bom e velho caminho democrático. Não há pátria onde falta democracia”, declarou Tancredo.
A Internação, a Agonia e a Morte
A internação de Tancredo Neves na véspera da posse, seguida de uma série de cirurgias e complicações, lançou o país em um estado de apreensão e incerteza. A verdade sobre seu diagnóstico, inicialmente ocultada, só veio à tona anos depois.
Após a morte de Tancredo, o vice-presidente José Sarney assumiu o governo e conduziu o país rumo à redemocratização, convocando a Assembleia Constituinte que elaborou a Constituição de 1988.
Quatro décadas depois, o legado de Tancredo Neves permanece vivo na memória dos brasileiros como um símbolo de esperança, diálogo e compromisso com a democracia.