Tragédia em Caraíva: Guia de Turismo é Vítima de Erro Fatal em Operação Policial?

A comunidade de Caraíva, Bahia, está em luto e indignada após a morte do guia de turismo Victor Cerqueira Santos Santana durante uma operação policial no último sábado (10). Familiares e amigos clamam por justiça, alegando que Victor foi confundido com um suposto segurança de traficantes, identificado como João Vitor.

A Confusão que Levou à Morte

Segundo a família, Victor pode ter sido confundido com João Vitor, também conhecido como “Vitinho”, um indivíduo com histórico criminal e mandado de prisão em aberto. A semelhança nos apelidos e a presença de João Vitor na área levantam sérias questões sobre a precisão da operação policial.

A família divulgou uma nota contundente, onde expressa a suspeita de que a vítima foi confundida com um criminoso procurado. O trecho da nota ressalta a urgência de esclarecer os fatos e responsabilizar os envolvidos.

“A suspeita principal é de que tenha sido confundido com outro homem, de nome João Vitor, conhecido como segurança de traficantes e apelidado igualmente de ‘Vitinho’, que possuía mandado de prisão e ficha criminal. Este homem continua em liberdade.”

O g1 confirmou a existência de um jovem apelidado de “Vitinho” sendo investigado por tráfico de drogas na região, o que intensifica as dúvidas sobre a identificação correta do alvo da operação.

O Que Dizem as Autoridades?

Diante das alegações da família, a Polícia Federal (PF) e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) foram questionadas sobre a possível confusão. A SSP-BA emitiu uma nota, mas não abordou diretamente o questionamento, informando que o caso está sendo apurado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar.

Ocultação de Provas?

Os familiares de Victor também denunciam possíveis tentativas de ocultação de provas. De acordo com eles, as câmeras de segurança da travessia do rio Caraíva foram desligadas pouco antes da operação, e agentes teriam confiscado imagens de estabelecimentos comerciais da região.

Diante desse cenário, a família de Victor Cerqueira clama por uma investigação imediata, transparente e independente, com a punição rigorosa de todos os responsáveis.

Contradições e Versões Divergentes

A versão da SSP-BA de que Victor tinha ligação com o tráfico de drogas e morreu em confronto é veementemente contestada pela família. A certidão de óbito revela que, além de ferimentos por arma de fogo, Victor apresentava politraumatismo e hemorragia.

Detalhes da Operação

A operação policial, que envolveu a Polícia Militar e a Polícia Federal, tinha como objetivo cumprir um mandado de prisão contra um homem identificado como “Alongado”, apontado como chefe de uma facção criminosa em Porto Seguro. Segundo a polícia, Alongado resistiu à prisão e foi morto durante o confronto.

Na versão inicial da SSP-BA, Victor, identificado como “segurança” de Alongado, também teria sido baleado e morto em via pública. No entanto, a família de Victor afirma que ele foi algemado e levado pelos policiais.

“O meu filho não foi morto em Caraíva, ele foi algemado e saiu algemado na frente de outras pessoas. Só foi chegar em Porto Seguro 3h da manhã, morto, com sinais de tortura. Pegou um menino inocente”, desabafou Luzia Cerqueira, mãe de Victor.

Cronologia dos Fatos

Moradores e familiares relatam que a operação ocorreu por volta das 18h, momento em que Victor havia saído da pousada onde trabalhava para buscar turistas. Ao perceber a movimentação policial, ele teria abrigado o grupo em um comércio local.

Victor teria saído do estabelecimento para verificar se a situação havia se normalizado, momento em que foi abordado, algemado e levado para fora de Caraíva.

O Que Diz o Atestado de Óbito?

O atestado de óbito de Victor aponta “politraumatismo toráxico, choque hemorrágico e projétil de arma de fogo” como causa da morte. A família alega que o corpo apresentava sinais de tortura, como o rosto desfigurado, marcas de algemas e arranhões nos joelhos.

A Polícia Federal e a SSP-BA foram questionadas sobre a divergência entre o atestado de óbito e a versão oficial dos fatos, mas não houve resposta conclusiva até o momento.

Investigação em Andamento

O delegado Diego Gordilho, da Polícia Federal, declarou que a operação se concentrou em um único ponto e que não há registros de desdobramentos em outras localidades. As investigações seguem em curso para esclarecer as circunstâncias da morte de Victor Cerqueira e determinar as responsabilidades pelo ocorrido.

A comunidade de Caraíva e a família de Victor clamam por justiça e transparência na apuração dos fatos, buscando respostas para essa trágica ocorrência.