A Morte Misteriosa do Soldado Otávio: Suicídio, Homicídio ou Acidente?

Cinco meses se passaram desde a trágica morte do jovem soldado Wenderson Nunes Otávio, carinhosamente conhecido como Soldado Otávio. A grande questão que paira no ar é: como ele perdeu a vida com um tiro na cabeça dentro de um alojamento militar no Rio de Janeiro?

A família de Wenderson, um jovem de apenas 19 anos, clama por respostas. O pai, Adilson Firmino Rosa, recorda com emoção o sonho do filho: “Ele falava: ‘Pai, vou ser paraquedista’. E ele conseguiu!”

No entanto, em 15 de janeiro de 2025, um mês antes de completar 20 anos, esse sonho foi abruptamente interrompido. A mãe, Cristiana da Silva Nunes, relata o momento angustiante em que receberam a notícia: “Ligaram para a gente, era 8h40 da noite, para informar que meu filho tinha sofrido um acidente. Disseram que houve um acidente e que eu precisaria ir para o batalhão.”

Ao chegarem ao 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista, os pais foram informados pelo comandante Douglas dos Santos Leite de que o filho havia se suicidado com um tiro na cabeça dentro do alojamento. A família, em choque, não consegue acreditar nessa versão.

“Eu falei pra ele que isso é impossível, que eu conheço o meu filho, que eu queria saber a verdade”, desabafa o pai. A namorada de Wenderson, visivelmente emocionada, afirma: “É mentira! A gente estava bem, e ele estava lá em casa no dia que aconteceu isso. Ele saiu de lá de casa, a gente estava normal. E era um cara que eu amava muito, muito mesmo!”

Wenderson foi levado às pressas para o Hospital Central do Exército, mas, infelizmente, teve morte cerebral cinco dias depois.

O Que Revela o Inquérito Militar?

O programa Fantástico teve acesso exclusivo ao inquérito que investiga a morte de Wenderson. Segundo o documento, três colegas de alojamento relataram que estavam descansando quando ouviram um tiro por volta das 16h50. Ao verificarem, encontraram Wenderson caído no chão, sangrando e inconsciente, com uma arma próxima ao corpo.

Em depoimento, os colegas afirmaram que Wenderson estava enfrentando problemas com a namorada e que teria cometido suicídio devido ao término do relacionamento.

A perícia no local do crime indicou que Wenderson estava sentado em um sofá, inclinado como se estivesse calçando o coturno, no momento do disparo. A análise também apontou que o tiro foi efetuado a uma distância superior a um metro e de cima para baixo, atingindo a lateral da cabeça do soldado.

Legista Contesta a Hipótese de Suicídio

A pedido do Fantástico, o renomado médico legista Dr. Luiz Carlos Prestes analisou minuciosamente o relatório da perícia. Sua conclusão é surpreendente: a hipótese de suicídio é descartada.

Segundo o Dr. Prestes, “o trajeto [do projétil] indica que o disparo foi feito por um atirador provavelmente em pé, à direita da vítima e a uma certa distância. Não foram encontrados vestígios de disparo a curta distância ou com a arma encostada, o que é típico em casos de suicídio. Portanto, com base nesses achados técnicos, a hipótese de suicídio está descartada.”

A análise de DNA na pistola 9 milímetros utilizada no crime revelou a presença do material genético de Wenderson e dos três colegas que alegaram suicídio. No entanto, a análise de resíduos de pólvora nas mãos dos quatro soldados apresentou resultado negativo.

A Quem Pertencia a Arma?

A investigação revelou que o terceiro sargento Alessandro ordenou, mas não se certificou de que todos os soldados haviam entregado suas armas antes de entrar no alojamento, contrariando as normas do quartel.

De acordo com um relatório, a arma utilizada para matar Wenderson estava sob a responsabilidade do soldado Jonas Gomes Figueira, amigo e vizinho da vítima, e uma das três testemunhas-chave do caso.

Em depoimento, o soldado Figueira negou que ele e os colegas tenham manuseado a pistola dentro do alojamento. No entanto, outra testemunha relatou que ela, Figueira e Wenderson mexeram na arma juntos.

O advogado do soldado Jonas Figueira informou que ainda não teve acesso completo aos autos e laudos periciais.

Em nota oficial, o Exército declarou que está prestando apoio à família do militar, oferecendo atendimento psicológico e médico, além de informações sobre o andamento do inquérito, dentro dos limites legais. A instituição ressaltou que a investigação tramita em segredo de justiça, sob a responsabilidade do Ministério Público Militar.

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