A Revolução Iraniana: Uma Análise Profunda e Seus Impactos Atuais

Há mais de quatro décadas, o Irã passava por uma transformação radical com a Revolução Islâmica de 1979. No entanto, o que começou como uma onda de esperança e desejo por mudanças, hoje é visto com outros olhos por muitos iranianos.

Sadegh Zibakalam, um dos milhões que protestaram nas ruas durante a revolução, expressa uma desilusão comum: “Quarenta e cinco anos atrás, nenhum revolucionário imaginaria que os líderes seriam vistos como criminosos.”

O Descontentamento da Juventude Iraniana

A juventude iraniana, em particular, questiona os rumos tomados pelo país e o legado da revolução. A morte de Mahsa Amini em 2022, após ser detida pela polícia moral, reacendeu protestos contra o regime e suas restrições.

Conflito Israel-Irã e as Implicações Internacionais

O recente conflito entre Irã e Israel, marcado por trocas de mísseis e bombardeios, adicionou mais uma camada de complexidade à situação. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, chegou a falar em “acabar com o regime” no Irã, sugerindo que suas ações poderiam levar a uma mudança na liderança iraniana.

Netanyahu Sugere o Assassinato do Aiatolá

Netanyahu ainda afirmou que a decisão de agir cabe ao povo iraniano, sugerindo até mesmo o assassinato do aiatolá Ali Khamenei como uma solução para o conflito.

Crise Econômica e Descontentamento Popular

O descontentamento popular é alimentado por violações dos direitos humanos, restrições às liberdades sociais e uma economia em crise. As sanções ocidentais e a alta inflação (38,7% até maio de 2025) agravam a situação.

Revolucionários se Arrependem?

Alguns da geração mais jovem questionam se a revolução valeu a pena, enquanto figuras como Zibakalam, apesar de tudo, afirmam que fariam tudo de novo. “Queríamos eleições livres, não presos políticos e um líder que não fizesse o que bem entendesse”, explica ele.

Os Objetivos Perdidos da Revolução

  • Liberdade
  • Democracia
  • Eleições Livres

Zibakalam lamenta que os objetivos da revolução tenham sido deixados de lado em favor de slogans anti-imperialistas.

A Perspectiva de Khomeini e a Luta Atual

A promessa de liberdade feita por Khomeini em 1979 ressoa hoje, fazendo com que muitos pensem na luta entre ativistas e o governo atual.

Reza Pahlavi e a Revolução Branca

O xá Mohammad Reza Pahlavi, que governou o Irã por 37 anos, promoveu a ocidentalização e o crescimento econômico, mas sob um regime autoritário. Em 1953, ele chegou a ser deposto, mas retornou ao poder com apoio dos EUA e do Reino Unido.

As Liberdades Sociais e as Críticas ao Xá

  • Direito ao voto para as mulheres
  • Teerã como centro de vida noturna vibrante
  • Exportação de vinho persa

Apesar das liberdades sociais, o xá enfrentou críticas por seu autoritarismo e pela falta de democracia. O clero xiita o acusava de minar os valores islâmicos.

Os Anos da Revolução

Até 1978, poucos imaginavam uma revolução. No entanto, ela uniu intelectuais de esquerda, nacionalistas, secularistas e islâmicos. Khomeini se projetou como uma figura unificadora, prometendo transformar o Irã em uma sociedade islâmica ideal.

A Volta Triunfal de Khomeini

Em 1979, milhões foram às ruas para receber Khomeini após 15 anos de exílio. Farah Pahlavi, ex-imperatriz do Irã, lembra com tristeza o desânimo de seu marido diante da situação.

O Partido Tudeh e o Arrependimento

Shahran Tabari, ex-membro do Partido Tudeh, questiona a decisão de derrubar o xá, admitindo que não entendiam o que era democracia.

‘Fins Justificam os Meios’

Homa Nategh, professora da Universidade de Teerã, sentiu-se pessoalmente responsável pelo que aconteceu, reconhecendo que suas obras incitaram a derrubada do xá. “Clamávamos por liberdade, mas tínhamos pouca compreensão de seu verdadeiro significado”, lamentou.

A Revolução Liberta o Irã?

Os líderes iranianos afirmam que a revolução libertou o Irã do domínio estrangeiro e melhorou a saúde e a educação, especialmente para os mais pobres.

A República Islâmica Enfrenta Novos Desafios

Hoje, a República Islâmica enfrenta novos desafios, com manifestantes clamando a favor dos reis Pahlavi e ex-revolucionários pedindo perdão. Farah Pahlavi perdoa aqueles que se arrependem, afirmando: “Não quero carregar rancor comigo.”

A Ocidentalização e a Revolta

A revolta contra Pahlavi teve como um dos principais motivos a tentativa de transformar o Irã em um exemplo de modernização ocidental, dissonante dos valores da sociedade.

Luíza Cerioli, especialista em relações internacionais, explica que o governo iraniano não correspondia às necessidades do povo. A monarquia parlamentar se tornou autoritária, alinhando-se ao ocidente capitalista.

A Crise do Petróleo e o Estopim da Revolução

A crise do petróleo nos anos 1970 agravou a situação, com o aumento dos preços e o ressentimento popular contra o governo do xá. Em agosto de 1978, um incêndio criminoso em um cinema em Abadan matou centenas de pessoas, incitando a população contra o monarca.

A Queda do Xá e a Ascensão de Khomeini

Em janeiro de 1979, Pahlavi deixou o país, e Khomeini retornou triunfalmente, unificando os interesses da população. Em abril, um plebiscito decidiu que o Irã se tornaria a primeira república islâmica do mundo.

Os Desafios Pós-Revolução

A tomada da embaixada americana em Teerã e a guerra entre Irã e Iraque consolidaram a imagem de inimizade entre Irã e Estados Unidos. A instabilidade levou à concentração de poder na figura de Khomeini.

O Legado da Revolução

A Revolução Iraniana, que começou com esperança e desejo por mudanças, transformou-se em um regime teocrático que enfrenta desafios internos e externos. O legado da revolução é complexo e continua a moldar o futuro do Irã.

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