Autódromo Interlagos: Seguranças Acusados de Tortura e Morte! Caso Choca São Paulo em 2024 e 2025
A Justiça de São Paulo tomou uma decisão impactante: dois seguranças enfrentarão um júri popular sob a acusação de torturar e matar um catador de materiais recicláveis dentro do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul da capital. O crime brutal ocorreu em 8 de novembro de 2024 e a data do julgamento ainda não foi definida.
Francisco das Chagas de Sousa Alves, o supervisor, e Emerson Silva de Brito, o vigilante, permanecem presos, aguardando o julgamento pelo assassinato de Marcelo Edimar da Silva. Ambos trabalhavam para a Malbork Serviços de Vigilância e Segurança Ltda., empresa contratada pela Prefeitura de São Paulo após vencer uma licitação para atuar no autódromo. A empresa continua responsável pela segurança do local.
Entretanto, este não é o único caso sombrio a assombrar o Autódromo de Interlagos. Em junho de 2025, o empresário Adalberto Amarilio Júnior foi encontrado sem vida no local durante um festival de motociclismo. A Polícia Civil investiga o caso como assassinato e suspeita que pelo menos cinco outros seguranças estejam envolvidos no crime. Seus nomes e empregadores não foram revelados.
O Crime de 2024: Tortura e Morte de um Catador
O Ministério Público (MP) alega que Francisco e Emerson amarraram as mãos e os pés de Marcelo, forçaram-no a ficar de joelhos e o espancaram até a morte com socos e chutes cruéis.
A vítima, de apenas 26 anos, havia pulado o muro para entrar no autódromo. O laudo pericial aponta traumatismo craniano como a causa da morte, com hemorragia intracraniana resultante do trauma na cabeça.
Os dois acusados estão sob prisão preventiva desde o momento em que foram detidos em flagrante. Eles enfrentarão acusações de homicídio qualificado, com a alegação de que usaram recursos que impossibilitaram a defesa da vítima. O caso está sendo investigado pelo 11º Distrito Policial (DP) de Santo Amaro.
Na época do crime, ambos trabalhavam para a Malbork Segurança, contratada pela prefeitura para proteger o autódromo com profissionais armados e desarmados, conforme documentos obtidos pelo g1.
Defesa se Pronuncia
A equipe de reportagem buscou contato com as defesas dos réus para obter seus comentários sobre o caso.
Em nota, o advogado Rides de Paula Ferreira, que representa Emerson, reafirmou “de forma categórica a sua absoluta inocência quanto aos fatos que lhe são imputados, convicto de que a verdade será restabelecida no curso regular do processo”.
A defesa também informou que “já foi interposto o recurso cabível, dentro do prazo legal, para que instâncias superiores possam reavaliar a decisão, em plena conformidade com as garantias constitucionais e processuais”.
Rides acrescentou que “a decisão judicial reconhecerá a total improcedência das acusações, reafirmando a presunção de inocência, princípio basilar do Estado Democrático de Direito”.
Até o momento da última atualização desta reportagem, a defesa de Francisco não havia se manifestado sobre o caso.
A Versão dos Seguranças
Em suas declarações à polícia, os seguranças alegaram que imobilizaram Marcelo após serem informados por outros funcionários de que ele estava furtando peças de empresas dentro do autódromo.
Emerson afirmou que Marcelo estava armado com uma faca de cozinha e o ameaçou. O vigilante alegou ter disparado um tiro na direção dele para se proteger, mas o tiro não o atingiu.
Um revólver calibre 38 e a faca foram apreendidos.
Francisco declarou que entrou em luta corporal com Marcelo, que se feriu com a própria faca. Ele afirmou que, juntamente com Emerson, imobilizou o invasor, que estava vivo, e chamaram a Guarda Civil Metropolitana (GCM). A GCM encontrou o catador já sem vida ao chegar ao local. Ambos negaram ter agredido a vítima.
Não havia câmeras de segurança no local, e a família de Marcelo só foi informada de sua morte dois dias depois.
O que Dizem a Malbork e a Prefeitura?
O g1 entrou em contato com a Malbork para comentar o caso, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
A Prefeitura de São Paulo confirmou que possui contrato com a Malbork desde 2020 para a segurança interna do autódromo.
Em nota, a prefeitura informou: “A Malbork Serviços de Vigilância e Segurança foi contratada por licitação em 2020 pelo Município para fazer a segurança exclusivamente patrimonial do equipamento público, assim como o controle de acesso nos principais portões, 24 horas por dia”.
A administração pública declarou que “as duas pessoas acusadas de envolvimento no caso mencionado de 2024 estão presas” em relação à acusação de que seguranças da Malbork mataram o catador Marcelo.
No entanto, a prefeitura não respondeu se os vigilantes acusados de matar Marcelo permanecem vinculados à Malbork.
O Caso do Empresário Adalberto Amarilio Júnior
Até o momento, nenhum dos seguranças investigados foi responsabilizado ou preso pela morte de Adalberto Júnior no Autódromo de Interlagos em 2025. A ausência de vídeos do homicídio é um dos obstáculos. Além disso, nenhum dos investigados ou testemunhas forneceu informações que pudessem levar à identificação do assassino.
Os seguranças exerceram o direito de permanecer em silêncio quando foram interrogados pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O laudo pericial da Polícia Técnico-Científica concluiu que Adalberto sofreu uma morte violenta por asfixia, causada por esganadura ou compressão torácica.
Adalberto desapareceu em 30 de maio, após comparecer a um evento sobre motocicletas. Seu corpo foi encontrado em 3 de junho, dentro de um buraco de obra no local, com 3 metros de profundidade por 70 centímetros de diâmetro. O corpo foi descoberto sem calças ou sapatos. Os investigadores acreditam que ele foi colocado ali por seu assassino.
A principal teoria é que o empresário se envolveu em uma briga com seguranças ao atravessar uma área restrita do autódromo.
Câmeras de segurança registraram os últimos momentos de Adalberto caminhando no estacionamento. O empresário havia deixado seu carro no local, mas as imagens não revelam nenhum confronto.
O Departamento de Homicídios aguarda os resultados de outros laudos periciais da Polícia Científica para concluir o inquérito e tentar identificar o responsável pela morte de Adalberto. De acordo com a perícia, os dados de alguns telefones celulares apreendidos com os suspeitos foram apagados.
Adalberto tinha 35 anos, era casado e proprietário de uma rede de óticas.
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