Você não vai acreditar no que essas mulheres fizeram para proteger suas famílias!
Em 30 de agosto de 1875, Mossoró, Rio Grande do Norte, foi palco de um evento histórico: o Motim das Mulheres. Cerca de 300 mulheres, armadas com pedras, panelas e utensílios domésticos, tomaram as ruas em um ato de coragem e desafio. Mas o que motivou essa revolta?
O estopim da revolta
O alvo da fúria feminina era o decreto imperial que regulamentava o recrutamento militar para o Exército e Marinha. Após a Guerra do Paraguai, que deixou inúmeras mulheres viúvas e famílias órfãs, o simples pensamento de perder seus filhos para o alistamento era insuportável.
A lei, vista como uma forma de repor as perdas da guerra, gerou grande insatisfação popular. O medo de novos conflitos e a obrigatoriedade do alistamento foram a gota d’água para a população.
A revolta em detalhes
Lideradas por figuras como Ana Floriano, as mulheres de Mossoró:
- Destruíram os editais de convocação fixados na igreja matriz.
- Depredaram a sede do jornal local, onde novos editais estavam sendo produzidos.
- Enfrentaram a polícia com os utensílios que tinham em mãos.
O historiador Luís da Câmara Cascudo descreve a época como um período de “intensa vibração partidária”, onde o decreto de recrutamento era visto como uma forma de “organizar” o Ministério da Guerra, mas que gerou grande irritação coletiva.
Outras manifestações
O Motim das Mulheres não foi um caso isolado. Em outras cidades do Rio Grande do Norte, como:
- Aries: Homens e mulheres invadiram a Igreja Matriz e destruíram documentos relacionados ao recrutamento.
- Canguaretama: Uma multidão assaltou a igreja durante o processo de alistamento, resultando em vários feridos.
- Goianinha: Também houve tumultos em decorrência do decreto.
Em todos esses episódios, a participação feminina foi marcante, defendendo seus filhos, maridos e noivos.
O legado do Motim das Mulheres
O artista plástico Isaías Medeiros, que retratou o evento em suas obras, destaca a “força feminina da organização” e a “coragem dessas mulheres de enfrentar com a força do braço” o poder estabelecido.
Deoclecio Evaristo de Oliveira Júnior, arquivista do Museu Histórico Lauro da Escóssia, define o motim como “um protesto de várias mães que lutaram pelo direito de seus filhos de não participarem de uma guerra”, um exemplo de “pioneirismo feminino em Mossoró”.
O Motim das Mulheres de Mossoró é um exemplo de coragem, determinação e da força da união feminina em defesa de seus entes queridos. Uma história que merece ser lembrada e celebrada!