Geraldo Vandré aos 90: O Enigma da MPB que Desafiou a Ditadura!
Ontem, 12 de setembro de 2025, o Brasil celebrou o 90º aniversário de Geraldo Vandré, um ícone da música popular brasileira. Nascido Geraldo Pedrosa de Araújo Dias em João Pessoa, Paraíba, em 1935, Vandré personifica o artista enigmático, cuja trajetória se entrelaça com a história da resistência à ditadura militar.
Este aniversário carrega um simbolismo profundo. Afinal, não é todo dia que testemunhamos um gigante da MPB alcançar os 90 anos. A vida de Vandré, marcada por talento e controvérsia, permanece um mistério a ser desvendado.
O Enigma Vandré: Reclusão e Legado
Após o falecimento de sua esposa em 2021, Vandré retornou a São Paulo. No entanto, ele se mantém recluso, distante dos holofotes há cinco décadas, concedendo raras entrevistas.
A Música como Arma: Exílio e Perseguição
A partir de 1964, ano em que lançou seu primeiro álbum, Vandré enfrentou a perseguição implacável da ditadura militar. Sua canção “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, um hino de protesto que ecoou nos festivais de 1968, transformou-se em uma arma política poderosa. Essa canção alçou Vandré ao pódio dos compositores que mobilizaram uma nação, mas o lançou em um inferno de censura e exílio.
- Mártir da Música Brasileira: Vandré se tornou um símbolo da resistência contra a opressão.
- Exílio e Silêncio: Após a censura de 1968, Vandré trilhou um caminho à margem do sistema.
- Último Álbum: Seu álbum Das Terras de Benvirá, lançado em 1970 e gravado na França durante seu exílio, marcou sua despedida da cena musical.
Um General como Salvador? O Retorno ao Brasil
Após um período no Chile, Vandré retornou ao Brasil em 1973, escapando da prisão graças à intervenção surpreendente do General Estevão Taurino de Rezende Netto. A partir de então, viveu em um exílio em sua própria terra, negando em entrevistas as torturas que teria sofrido.
O Silêncio Rompido: Um Show Após 50 Anos
As aparições públicas de Vandré tornaram-se eventos raríssimos. Em março de 2018, ele quebrou um silêncio de 50 anos com duas apresentações sinfônicas em João Pessoa. Curiosamente, seu último show como músico profissional no Brasil havia sido em 1968, no dia da promulgação do AI-5, o mais sombrio dos Atos Institucionais.
De Nacionalista a Compositor da FAB
Vandré, um nacionalista convicto, surpreendeu ao compor em 1985 uma canção para a Força Aérea Brasileira (FAB), intitulada Fabiana. A canção, concluída em 1988, teria nascido de sua admiração pelo tratamento recebido em um hospital da Aeronáutica. Essa aproximação com os militares da FAB gerou controvérsia, considerando sua história de perseguição pela ditadura.
O Brasil Deve a Vandré?
Vandré nunca justificou essa aproximação, mas também não deve satisfações a ninguém. Apenas ele conhece as dores e traumas que carrega em sua alma. Talvez, o Brasil deva um pedido de desculpas a Geraldo Vandré por ter silenciado sua voz nos anos de chumbo.
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