O Mundo Perde um Gênio: Sebastião Salgado, o Mestre da Fotografia, Nos Deixa aos 81 Anos

O mundo da arte e do fotojornalismo está de luto. Nesta sexta-feira, 23 de maio de 2025, Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos de todos os tempos, faleceu aos 81 anos. Sua obra transcendeu fronteiras, emocionou e inspirou milhões, tornando-o um ícone global.

Um Olhar Único em Preto e Branco

Salgado possuía um estilo inconfundível: o preto e branco carregado de expressividade. Através de suas lentes, ele capturou a essência da natureza e da condição humana com uma sensibilidade ímpar.

Como ele mesmo disse em entrevista ao Conversa com Bial, a escolha pelo preto e branco não era por acaso:

“A cor, para mim, era um momento de grande desconcentração quando eu ia fotografar. Então, o preto e branco tem uma ligação. As pessoas têm uma ligação muito mais forte com o preto e branco do que com a cor.”

A Trajetória de um Mestre

Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Salgado formou-se em Economia, mas sua paixão pela fotografia falou mais alto. Aos 27 anos, durante um doutorado na França, ele descobriu sua vocação ao observar sua esposa, Lélia, utilizando uma câmera para fotografar arquitetura.

Em suas palavras:

“Minha esposa Lélia fazia arquitetura na Escola de Belas Artes. Ela comprou uma câmera fotográfica para fazer fotografias de arquitetura. Eu olhei pela primeira vez através de um visor e isso modificou a minha vida. A partir desse momento, a fotografia começou a fazer uma invasão tão grande na minha vida que eu abandonei tudo e me coloquei inteiramente na fotografia.”

Seus primeiros trabalhos foram realizados em viagens pela África, onde atuava na Organização Internacional do Café. Logo, a fotografia se tornou sua prioridade:

“Eu viajei no Quênia, na Uganda, Ruanda, no Burundi, no Zaire… E eu levava uma câmera fotográfica comigo. Quando eu voltava para Londres, minhas fotografias me davam dez vezes mais prazer do que os relatórios econômicos que eu tinha que fazer.”

Registros Históricos e Impactantes

Ao longo de sua carreira, Salgado registrou momentos cruciais da história mundial:

• Em 1981, fotografou o atentado contra o presidente americano Ronald Reagan.
• Anos depois, documentou a corrida pelo ouro em Serra Pelada, Pará, um retrato impactante da busca pela riqueza.

Sua dedicação o levou a mais de 130 países, onde retratou a natureza, a cultura dos povos e as tragédias humanitárias. O projeto “Êxodos” é um exemplo notável, documentando a migração humana em 35 países, expondo a realidade dos refugiados e a luta pela sobrevivência.

O Legado de Sebastião Salgado

Além de seu talento artístico, Salgado demonstrou um profundo compromisso com o meio ambiente. Em 1998, ao lado de sua esposa Lélia, criou o Instituto Terra, dedicado à recuperação do Vale do Rio Doce. O projeto já plantou mais de 3 milhões de árvores nativas da Mata Atlântica, restaurando nascentes e a biodiversidade local.

O Instituto Terra resume o espírito de Sebastião Salgado: um artista que transformou sua paixão em ação, semeando esperança e demonstrando que a restauração ambiental é um ato de amor pela humanidade.

Como afirma Sérgio Rangel, diretor executivo do Instituto Terra:

“O Sebastião saiu fisicamente, mas você pode ter certeza que, espiritualmente, ele não vai deixar o Instituto nunca. Vai continuar puxando a gente para frente, empurrando, cobrando e exigindo mais e mais e mais. Pode ter certeza disso. Ele não vai deixar de estar presente no nosso dia a dia nunca.”

O mundo perde um gênio, mas seu legado permanecerá vivo através de suas fotografias e do impacto transformador do Instituto Terra.

Repercussão Mundial

A morte de Sebastião Salgado reverberou em todo o mundo. O New York Times o descreveu como um dos fotógrafos documentaristas mais importantes de sua época, enquanto a BBC o chamou de “fotógrafo lendário”.

Artistas, políticos e personalidades expressaram sua admiração e pesar pela perda do mestre da fotografia.

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