Uma perda irreparável para a dança brasileira: Décio Otero nos deixa aos 92 anos
O mundo da dança está de luto. Décio Otero, renomado bailarino, coreógrafo e fundador do prestigiado Ballet Stagium, faleceu aos 92 anos em São Paulo, na noite de segunda-feira (28). A notícia foi divulgada pelo próprio Ballet Stagium, através de suas redes sociais, comovendo artistas e admiradores.
Segundo a publicação, Otero, figura histórica da dança no Brasil, faleceu por volta das 22h50. O grupo expressou profundo pesar pela perda, ressaltando o impacto de Décio em suas vidas e a eternidade de seu legado.
A mensagem emocionante do Stagium dizia:
“O céu ficou mais bonito. É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do Maestro Décio Otero […] Sua presença iluminou nossas vidas e seu amor permanecerá em nossos corações para sempre. Que possamos encontrar conforto nas memórias que compartilhamos e na certeza de que seu legado e sua beleza viverá em cada um de nós.”
O portal Mud, especializado em dança, homenageou Otero, descrevendo-o como um artista que:
- Fez da dança um gesto político, poético e coletivo.
- Construiu uma trajetória de mais de sete décadas, unindo palcos, televisão e formação de artistas.
- Deixou uma criação profundamente conectada com o Brasil.
O Mud concluiu: “Seu legado permanece vivo no corpo da dança brasileira, nas gerações que formou e nas histórias que ajudou a transformar em arte. Viva o legado de Décio Otero!”
Décio Otero: Uma Trajetória Brilhante
Nascido em Ubá, Minas Gerais, em 15 de julho de 1933, Décio Otero iniciou seus estudos em dança aos 17 anos, em 1951, no Ballet de Minas Gerais, sob a direção de Carlos Leite.
Momentos marcantes de sua carreira:
- 1956: Ingressou no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se solista no ano seguinte.
- 1956: Conheceu Marika Gidali, bailarina húngara que se tornaria sua esposa e parceira na fundação do Ballet Stagium.
- 1959: Integrou o elenco do Ballet do Rio de Janeiro e viajou em turnê internacional.
- 1959-1960: Recebeu prêmios por sua participação em “Pas de Deux de Cisne Negro” e “Yara”.
- 1964: Entrou para o corpo de baile do Ballet du Grand Théâtre de Genève, na Suíça.
- 1966: Ingressou no Balé da Ópera de Colônia, na Alemanha.
- 1967: Participou do filme musical “King”, exibido em Copenhagen.
- 1967: Integrou o elenco do Balé da Ópera de Frankfurt como primeiro-bailarino.
- 1970: Retornou a Minas Gerais.
Após ministrar um curso de dança em Curitiba, Otero e Marika Gidali criaram o programa “Convite à Dança” na TV Cultura, explorando diversas vertentes da arte.
O Legado do Ballet Stagium
Após a experiência na TV Cultura, Décio Otero e Marika Gidali fundaram o Ballet Stagium, que se tornou um marco na dança brasileira. Otero criou mais de 100 obras para a companhia, recebendo importantes prêmios e homenagens ao longo de sua carreira, incluindo a Ordem do Mérito Cultural do Distrito Federal, em 2005.
Décio Otero também deixou sua marca na literatura, sendo autor dos livros “As Paixões da Dança” e “Marika Gidali”.
A contribuição de Décio Otero para a dança brasileira é inestimável. Seu talento, paixão e visão artística inspiraram gerações de bailarinos e coreógrafos, e seu legado permanecerá vivo na história da dança no Brasil.