A Tragédia que Nunca Cicatrizou: 11 Anos Após a Queda do Avião de Eduardo Campos
Em um fatídico 13 de agosto de 2014, o Brasil perdia um de seus nomes promissores na política: Eduardo Campos. O então candidato à Presidência da República foi vítima de um trágico acidente aéreo em Santos, litoral paulista, que ceifou a vida de mais seis pessoas. Mas o que aconteceu com os moradores da região, impactados diretamente pela queda do avião? Acompanhe esta reportagem exclusiva e descubra os dramas e lutas que persistem até hoje.
O Cenário da Tragédia
O avião, um Cessna 560XL Citation Excel de prefixo PR-AFA, decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino à Base Aérea de Santos, em Guarujá (SP). A queda ocorreu em um terreno baldio no bairro Boqueirão, uma área densamente povoada com comércios e prédios residenciais.
Além das perdas irreparáveis, famílias perderam seus lares e negócios. Uma década se passou, e a busca por justiça ainda é uma realidade para muitos.
A Luta de Edna da Silva por Justiça
Edna da Silva, uma das moradoras afetadas, viu seu apartamento alugado ser atingido por uma turbina do avião. A destruição foi total, e seu filho sofreu queimaduras ao tentar resgatar uma criança. O processo de indenização, movido em 2015 contra a empresa proprietária da aeronave e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), busca reparação por danos morais, materiais e estéticos. No entanto, a espera por um desfecho se arrasta há anos.
Ao g1, o advogado de Edna, Joaquim Barboza, revelou que sua cliente precisou de seis anos para se livrar das dívidas contraídas após o acidente. A esperança de uma indenização rápida, devido à notoriedade do caso, logo se desfez.
O Labirinto da Justiça
Atualmente, o caso está em terceira instância no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília (DF). O PSB foi retirado do processo, decisão que causou perplexidade à defesa. Segundo Barboza, a mesma Turma havia reconhecido, em 2022, a legitimidade do partido para responder, já que estava na posse da aeronave no momento do acidente.
“A recente decisão ignorou o precedente de 2022, limitando-se a manter o acordo já homologado, sem considerar a responsabilidade anteriormente reconhecida”, desabafa Barboza.
A expectativa é que Edna receba cerca de R$ 2 milhões em indenização, valor que inclui os danos morais decorrentes da situação de endividamento e da inscrição de seu CPF em cadastros de inadimplentes. Uma mudança no Código de Processo Civil permite que esse valor seja confiscado por meio do bloqueio de bens dos réus.
“A decisão já foi executada há mais de três anos, mas continuamos aguardando a penhora dos bens. Enquanto isso não acontecer, ninguém recebe. Nem a família da dona Edna, nem qualquer uma das demais”, lamenta Barboza.
O Comércio em Ruínas
Benedito Juarez Câmara, proprietário de uma academia também atingida pela aeronave, investiu cerca de R$ 1,9 milhão na reconstrução de seu negócio. Assim como Edna, ele também moveu uma ação na Justiça contra a proprietária da aeronave e o partido político.
Em novembro de 2024, a Justiça condenou a empresa proprietária da aeronave a indenizar Juarez por danos morais e materiais, mas isentou o PSB de responsabilidade. O valor inicial por danos morais era de R$ 20 mil, mas o advogado de Juarez, Alexandre Ferreira, não informou se houve reajuste devido a juros e multas.
Além disso, outro processo tramita na Justiça em nome da academia, buscando reparação por lucros cessantes. No entanto, ainda não há novidades sobre esse caso.
As Causas do Acidente: Um Mistério Não Resolvido
Em 2018, a Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o acidente, apontando quatro possíveis causas:
- Colisão com um elemento externo
- Desorientação espacial
- Falha de profundor (equipamento responsável pelo controle do movimento da aeronave)
- Falha de compensador de profundor
As hipóteses foram comentadas por João Campos, filho de Eduardo Campos, que ressaltou que nenhuma delas era prevalecente, podendo ter ocorrido uma combinação de fatores.
Em 2019, o Ministério Público Federal (MPF) arquivou o processo, alegando a impossibilidade de determinar a causa exata do acidente devido à falta de equipamentos na cabine de comando do avião.
Em novembro de 2023, Antônio Campos, irmão de Eduardo, solicitou a reabertura do processo, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) entendeu que não havia elementos para novas investigações.
Legado e Memória de Eduardo Campos
Eduardo Campos, nascido em 10 de agosto de 1965, em Recife (PE), teve uma trajetória política promissora. Neto de Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco, ele trilhou seu caminho no Partido Socialista Brasileiro (PSB), ocupando diversos cargos públicos, como deputado estadual, secretário de governo e ministro de Ciência e Tecnologia.
Em 2007, foi eleito governador de Pernambuco, sendo reeleito em 2010. Sua morte prematura, aos 49 anos, interrompeu uma carreira que prometia transformar o cenário político brasileiro.
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